A vaca ‘não tão’ sagrada assim
Na contramão de vertentes mundiais que defendem veementemente um abraço a proteínas alternativas ou análogas, a Índia vem se posicionando como consumidora de proteína animal.
Desafiando o status quo de uma população de 1.3 bilhão de pessoas que, teoricamente é massivamente vegetariana, o indiano vem aumentando o consumo de carnes de forma acelerada, mesmo estando ainda bem abaixo do número de consumo per capita mundial. “Acredita-se que entre 64% e 74% dos indianos de todos os grupos religiosos no país, comam carne animal (incluindo peixes e outros frutos do mar) pelo menos ocasionalmente, segundo estudo feito pelo National Family Health Survey.
A Índia junto com a China e outros mercados emergentes globais, observam este crescimento da população pertencente a classe média, e com isso, o aumento do consumo de carnes. A questão é que tudo que acontece nestes dois primeiros países é multiplicado por pelo menos 9 dígitos e causa impactos estrondosos no mercado alimentar e no planeta.
As duas juntas representarão 28% da população global até 2030!
A vaca insustentável
O que já sabemos é que para produzir a proteína tradicional de vaca da forma como consumida hoje, desde a ração animal até o bife final, utiliza-se em média 90% de solos férteis, 95% água potável e emiti-se uma quantidade de CO2 que ultrapassa a atingida por toda frota de carros juntas. Então alimentar estas bilhões de bocas trará sérios impactos.
A agricultura e a tecnologia precisam correr para dar conta desta demanda de uma forma que não impacte negativamente o mundo e seja capaz de trazer inovações que farão este cenário possível e sustentável. E isso parece estar andando bem.
Os investimentos em AgFoodtechs indianas dobraram este ano, atingindo a casa de $312M, trabalhando para encontrar sistemas mais inteligentes de produção agrícola e aliviar a pegada de carbono.
Temos ainda um cenário onde a maior parte da população é e se manterá jovem nos próximos 10 anos, reforçando os hábitos de consumo baseados no que é trend, mesmo que estes direcionamentos estejam embasados na cultura e manias locais, como o aumento do consumo de carnes em geral.
Source: CBRE; India 2030, N = 1,222 million for 2020, 1,432 for 2030
Sem laboratório. Sem plantas. Ainda assim, uma alternativa
O consumo de proteínas animais indiano está mais concentrado nas aves e peixes que geram consequências menos severas ao meio-ambiente que a tradicional carne de vaca mas mesmo assim, precisa achar solução para reduzir tais impactos.
E a boa notícia aqui não vem apenas de laboratórios e de tecnologias a base de plantas.
A ‘alternativa’ da vez são os insetos que serão a grande tacada nos próximos anos para as empresas de ração animal, responsáveis por alimentar esta bicharada toda.
Seja gado, ave ou peixe, todos se beneficiarão das rações super poderosas que devem estar no mercado de lá nos próximos 05 anos para garantir mais eficiência no produto final e aliviar a pegada de carbono.
A cadeia de leites, maior fonte de proteína animal indiana atual, também está se preocupando em acompanhar este movimento e startups de monitoramento digital de todo o processo vem sendo utilizadas para garantir uma melhor qualidade na entrega e com o cuidado animal.
Da ficção a ação!
O que se conclui aqui, é que a Índia mesmo com a atual deficiência proteica da população que cresce, quer e pode consumir mais carne, níveis mais baixos de produtividade em campo e na pecuária comparados a média global, está preocupada em fazer bem feito!
Seja no trato aos animais, na entrega de melhores alimentos e de tecnologia empregada para virar este jogo ela está atenta e vem apostando em técnicas mais assertivas de cultivo, rastreamento e entrega de produtos agroalimentares de qualidade.
E quando isso acontecer, veremos estes números (de mais de nove dígitos!!!) crescerem e impactarem os negócios globais de alimentos.
O que antes era ficção passa a ser fato, o que ontem era conhecido como verdade hoje é mito. A única certeza é a mudança, rápida e muitas vezes não tão organizada mas cabe a nós olhar o mercado como um todo, entender as necessidades reais, e atuais, e agir!
Não espere o amanhã 😉
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