Quais os motivos para a criação do FoodTech
Movement e quais os campos de atuação do
movimento?
A Builders nasceu com a proposta de realizar
conexões entre corporações e startups. A gente enxergou na cadeia de alimentação muitas
oportunidades para a criação de novos produtos, serviços e negócios, dentro de um mercado que
está começando a ganhar notoriedade. Como não existia um hub especializado no setor, que
concentrasse informações relevantes, idealizamos o FoodTech Movement. Fizemos um mapeamento
para entender como o setor estava se movimentando e observamos um crescimento relevante. Atualmente, realizamos os Food Talks, eventos com o objetivo de construir e manter relacionamento entre os atores desse setor, incluindo corporações, empreendedores, fundos, Academia e consumidores.
Qual é a importância da existência de movimentos como esse no Brasil?
São importantíssimos. Temas relacionados à alimentação são muito discutidos fora do Brasil,
porque existe o desafio de alimentar dez bilhões de pessoas em 2050. E dizem que esse é um problema
que afeta menos o Brasil, por conta da diversidade e fertilidade dos solos. Mas nós não estamos
aproveitando isso, o que nos coloca em um atraso considerável em relação a outros mercados, como o
americano, europeu, israelense, em questão de tecnologia e manipulação de alimentos. Então os movimentos são necessários, para aproveitar a genética empreendedora do brasileiro, as
oportunidades e transformar os processos, para produzir melhor, de forma mais sustentável e rentável.
Quão aberto a inovações e tecnologia é o mercado brasileiro hoje em dia? Ainda falta abertura?
Falta bastante, é um mercado que nesse aspecto ainda está no início. O Brasil está bastante atrasado em relação à sua capacidade real. Então existem muitas oportunidades, é um mercado a
ser explorado. As empresas precisam mudar o mindset, é necessário mostrar a elas como a
inovação pode funcionar internamente por meio de parcerias e conexões, aquisições também.
Porque essas novas formas de negócio são rentáveis e bem vistas pelos olhos dos
consumidores, mas as corporações ainda possuem uma visão muito fechada em relação a isso. Com a
intensa movimentação dos mercados estrangeiros e o boom das Food Techs, a tendência é que isso
aconteça por aqui. Mas, ao mesmo tempo, em alguns casos, ainda falta maturidade das startups
em relação a modelo de negócio e produto.
O que você enxerga de tendências dentro do mercado de alimentação?
O consumidor está muito mais consciente, com a necessidade e desejo de ser mais saudável, de um
consumo mais sustentável. Então, existem drivers muito fortes relacionados à saúde, bem-estar, praticidade e conveniência. Pensando em um médio-prazo, para os próximos dez anos, o
mercado substituto da carne é uma tendência forte, com o desenvolvimento de novos tipos de proteínas, à base de plantas e cultivadas em laboratório. A projeção, conforme pesquisas, é que
isso adquira maturidade em um período de três anos. E, daqui a dez, a expectativa é de que parte
do mercado de carnes tradicionais comece a ser substituída por novos produtos, por conta dos hábitos das novas gerações, que já consomem menos produtos de origem animal.
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